segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A diferença entre a Bíblia católica e a protestante


 

A diferença entre a Bíblia católica e a protestante

Entenda por que a Bíblia dos protestantes tem menos livros


Por que a Bíblia católica é diferente da protestante? Esta tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitaram. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: (1) Deveria ter sido escrito na Terra Santa; (2) Escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego; (3) Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.); (4) Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537aC. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados anteriomente. Mas a Igreja católica, desde os Apóstolos, usou a Bíblia completa. Em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus, rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu, assim, a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta, que a Igreja Católica sempre seguiu. Essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia, dessa forma, no início do Cristianismo, duas Bíblias judaicas: a da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando inspirados (canônicos) os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento, utilizaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passaram para o uso dos cristãos. Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos Apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15. Nos séculos II a IV, houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Mas a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros. Após a Reforma Protestante, Lutero e seus seguidores rejeitaram os sete livros já citados. É importante saber também que muitos outros livros, que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes. Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e de Macabeus II; Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus. Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha. No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8). Se negarmos o valor indispensável da Igreja Católica e de sua Sagrada Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. Note que os seguidores de Lutero não acrescentaram nenhum livro na Bíblia, o que mostra que aceitaram o discernimento da Igreja Católica desde o primeiro século ao definir o Índice da Bíblia. É interessante notar que o Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

sábado, 5 de janeiro de 2013

O Anglicanismo ( Trabalho apresentado a disciplina de fenomenología da religião em 2012)


O ANGLICANISMO

1.  HISTÓRIA

Ao contrário dos primeiros movimentos protestantes que tomaram conta da Europa no século XVI, o anglicanismo surgiu em torno de questões que envolviam diretamente os interesses da monarquia britânica. Na Inglaterra, o rei Henrique VIII (1491 - 1547) teve grande importância na consolidação da reforma religiosa.

Henrique VIII e a Igreja já tinham uma relação pouco harmoniosa quando, no ano de 1527, o rei inglês exigiu que o papa anulasse seu casamento com a rainha espanhola Catarina de Aragão. Henrique VIII alegava que sua esposa não teve condições para lhe oferecer um herdeiro forte e saudável que desse continuidade à sua dinastia. O papa Clemente VII resolveu não atender as súplicas do monarca britânico. Inconformado, Henrique VIII obrigou o Parlamento britânico a votar uma série de leis que colocavam a Igreja sob o controle do Estado. Wilges afirma:

 

Em vista disso o soberano conseguiu do parlamento o ato de supremacia  que o proclamava chefe da Igreja da Inglaterra. Segundo a Igreja Anglicana ele separou a Igreja do Papa, interrompeu a comunhão com Roma, mas não com a fé católica e apostólica (WILGES, 1984, p.86).

 

No ano de 1534, o chamado Ato de Supremacia criou a Igreja Anglicana. Segundo os ditames da nova Igreja, o rei da Inglaterra teria o poder de nomear os cargos eclesiásticos e seria considerado o principal mandatário religioso. A partir dessa nova medida, Henrique VIII casou-se com a jovem Ana Bolena.  Além disso, realizou a expropriação e a venda dos feudos pertencentes aos clérigos católicos.

Essa medida fez com que os nobres, fazendeiros e a burguesia mercantil passassem a exercer maior influência política. No governo de Elizabeth I , novas medidas foram tomadas para reafirmar o poder da Igreja Anglicana. Alguns dos traços do protestantismo foram incorporados a uma hierarquia e uma tradição litúrgica ainda muito próximas às do catolicismo. Essa medida visava minimizar a possibilidade de um conflito religioso que desestabilizasse a sociedade britânica. No seu governo foi assinado o Segundo Ato de Supremacia, que reafirmou a autonomia religiosa da Inglaterra frente à Igreja Católica.

Pelo Ato dos Seis Artigos, assinado em 1539, Henrique VIII mantinha todos os dogmas católicos, exceto o da autoridade papal. Esta dubiedade foi atacada tanto por protestantes como por católicos: os protestantes reprovavam a fidelidade aos dogmas católicos, e os católicos reprovavam o cisma. Eduardo VI, filho e sucessor de Henrique VIII, impôs ao país a obrigatoriedade do culto calvinista. Maria Tudor, sua sucessora, tentou, sem sucesso, restaurar o catolicismo. Com a morte de Maria Tudor, subiu ao trono Elizabeth I, (1558-1603), filha de Ana Bolena, que instituiu oficialmente a religião anglicana, através de dois atos famosos: o Bill da Uniformidade, que criava a liturgia anglicana, e o Rui dos 39 Artigos, que fundamentava a fé anglicana.

 

Essa é a parte da história que você conhece. Uma versão muito simplista, diriam os anglicanos. Segundo eles, o desejo de separação já estava presente bem antes desse episódio. Desde o século II, para ser mais exato. Naquele tempo, ainda não havia a religião católica. Existia apenas o cristianismo. Onde os apóstolos paravam, construíam uma igreja, que ganhava o nome do povo local. Na Grã-Bretanha, virou Igreja Celta: uma adaptação do cristianismo aos costumes, crenças e tradições da região No século VI, já a mando da Igreja Católica, santo Agostinho se estabeleceu na cidade inglesa de Cantuária, com o objetivo de converter os anglo-saxões. Virou o arcebispo de Cantuária e colocou a Inglaterra sob a tutela do Vaticano (VERONESE, 2008. s.p.).
 

 

Foi assim por quase 1 000 anos, até que o rei, particularmente sentindo-se afetado pelas regras do catolicismo, decidiu proclamar a independência.

 

2.  HIERARQUIA

A Igreja tem uma organização hierárquica, com bispos, daí o seu outro nome: a Igreja Episcopal. Aceitam o Tríplice Ministério através das Sagradas Ordens de bispos, presbíteros e diáconos, de acordo com o ensino da tradição da Bíblia e da Igreja. Obedientes ao mandato de Jesus Cristo, os cristãos são chamados à missão e ao evangelismo no poder do Espírito Santo.

A Igreja Anglicana caracteriza-se por uma forma de culto litúrgica mais semelhante à da Igreja Católica Romana do que das Igrejas Protestantes. Tradicionalmente, a organização foi dividida em facções da Igreja Alta (High Church) e Igreja Baixa (Low Church) e a Igreja Larga (Broad Church),que refletem a controvérsia histórica sobre as formas de culto e de expressão.

A Igreja alta admite o soberano como chefe da religião, a Igreja baixa “caracteriza-se pelo desprezo às formas exteriores de culto, pela leitura assídua da Bíblia, pela insistência em uma piedade pessoal e privada, por uma forte tendência anti-romana. Tendência calvinista”. (WILGES, 1984, p.87). A Igreja larga caracteriza-se pelo indiferentismo religioso teórico e prático.

3.     DOUTRINA, RITOS E SINAIS


 

3.1.        Princípios essenciais do Anglicanismo

Irineu Wilges(1984, p.87) aponta que os anglicanos acreditam que as Sagradas Escrituras contêm toda revelação necessária para que a humanidade alcance vida plena. Toda a doutrina e liturgia sustentam-se na Bíblia Sagrada. Os Credos Apostólicos, de Atanásio e Niceno, escritos no tempo da igreja indivisa, constituem a confissão normativa da fé católica que preservam ainda hoje. A igreja possui o poder de decretar ritos e cerimônias e tem autoridade em controvérsias de fé.

A Igreja Anglicana é uma igreja sacramental. Professam o Santo Batismo e a Santa Eucaristia como legítimos sacramentos diretamente ordenados por Cristo e instrumentos da graça salvífica de Deus. Professam que a autoridade transmitida por Cristo aos apóstolos e esses aos seus sucessores (incluindo seus bispos) é, ao mesmo tempo, garantia de que sua Igreja é católica e apostólica.

 

3.2.        Uma Igreja Sacramental

Os Sacramentos são sinais externos e visíveis de graças internas e espirituais. Para eles, o Batismo e a “Eucaristia” são sacramentos indispensáveis à vida cristã. Santo Batismo: A filiação à Igreja se dá pelo batismo com água e em nome da Santíssima Trindade. Nas igrejas anglicanas há liberdade para celebrá-lo por aspersão ou por imersão, de acordo com os usos e costumes de cada paróquia. Pessoas de qualquer idade podem ser batizadas em alguma Igreja cristã.

A Igreja Anglicana em hipótese alguma pratica o "rebatismo", em certos casos o batismo sob condição, crianças podem ser batizadas independente da situação matrimonial dos pais. Qualquer pessoa, uma vez batizada, tem direito de receber regularmente a Comunhão, inclusive as crianças. A comunhão  é o alimento espiritual dos cristãos e principal reunião pública de culto e adoração. Seus sinais externos e visíveis são o pão e vinho consagrados por um(a) sacerdote devidamente autorizado(a) pela sucessão apostólica.

A Igreja Anglicana proclama a presença real de Cristo na Eucaristia, mas não procura explicar dogmaticamente como se dá esse santo e profundo mistério. O culto eucarístico é aberto a todas as pessoas que dele queiram participar. É também momento de ouvir o Evangelho e a homilia dominical.

Outros ritos de caráter Sacramental são a Confirmação ou Crisma: Ministrada pelo(a) bispo(a), representa a maioridade na fé e confere a todo confirmado a dignidade do ministério leigo e a plenitude dos dons do Espírito Santo. Para ser confirmada, a pessoa precisa ser batizada, ter aceito Jesus Cristo de forma pessoal e consciente como seu Senhor e receber instrução catequética apropriada.

 A Igreja Anglicana celebra o matrimônio de acordo com as leis do país e desde que um dos noivos seja batizado. Os divorciados podem casar-se novamente, cumpridas as determinações canônicas da Igreja. Também é praticada a Unção e benção da Saúde, ministrada pelo sacerdote mediante a imposição das mãos a todos que se sentem abatidos de forma física, mental ou espiritualmente. O sacerdote, se julgar conveniente, pode administrar a benção com óleo consagrado pelo(a) bispo(a). A Penitência também conhecida como "Confissão e Absolvição" é ministrada por um sacerdote coletivamente (durante a liturgia) ou individualmente, assegura o perdão de Deus a todas as pessoas que se arrependerem de suas más ações e desejam reiniciar uma nova vida. "Àqueles a quem vocês perdoarem os pecados, esses serão perdoados" (João 20.23).

Ordenação: A Igreja ordena ao sagrado ministério pessoas que tenham recebido elevada preparação teológica para corresponder à dignidade do ministério. As ordens de diácono, presbítero e bispo são cumulativas, vitalícias e abertas a homens e mulheres solteiros(as) ou casados(as). A Igreja não exige aos sacerdotes o celibato.

 

4.     Igreja Anglicana: Católica e protestante

            Carlos Eduardo Calvani, no artigo “A tensão entre Substância Católica e Princípio Protestante no Anglicanismo” afirma: “A história da Igreja Anglicana é marcada por oscilações pendulares em relação ao catolicismo romano e ao protestantismo”.

A Igreja Anglicana busca equilibrar a tradição católica com as influências da Reforma protestante. Por isso ela é católica e também reformada. A liturgia preserva a mais antiga estrutura de culto cristão, com grande ênfase na proclamação da Palavra de Deus. Dão grande valor à Liturgia, definindo as crenças e doutrinas no próprio manual litúrgico (o Livro de Oração Comum). O LOC orienta as diferentes celebrações não segundo uma opinião individual, mas do consenso da Igreja como um todo. Para glorificação de Deus, além do LOC, a Igreja Anglicana também dá grande valor à arte sacra, ao altar, arquitetura dos templos e tudo que possa contribuir para expressar a fé em Deus: as flores, as cores litúrgicas, velas, incenso, música e a atmosfera de reverência diante de Deus.


 

O anglicanismo tenta se equilibrar entre o peso de tradições pré-reformadas (sobretudo na liturgia) e a influência de grupos protestantes às vezes bastante radicais. Essa atitude recebeu mais tarde a designação de “via-média”, expressão através da qual busca-se a identidade do anglicanismo num meio termo entre o catolicismo romano e o protestantismo clássico. As evidências dessa “via-média” ganham visibilidade em algumas peculiaridades anglicanas: tal como no catolicismo, há bispos com sucessão apostólica, padres e diáconos, mas semelhantemente ao protestantismo, não se exige de ninguém o celibato. Tal como no catolicismo, o centro da vida litúrgica é o altar e a comunhão eucarística, mas grande ênfase é dada na pregação. Utiliza-se terminologia tipicamente católica (diocese, paróquia, eucaristia, missa, sacristia, padre, etc) mas, ao mesmo tempo permite-se que padres sejam chamados de “pastores”, que a missa seja designada “culto” ou que a Eucaristia seja chamada simplesmente “Santa Ceia” ou “Ceia do Senhor”. Assim é o ethos anglicano – uma constante tentativa de acomodar diferenças em prol da preservação da comunhão. (CALVANI, 2006, p. 76-77)

 


Os anglicanos encontram muita alegria em sua Igreja, nutrindo por ela grande afeição. Em qualquer parte do mundo encontram no LOC a maneira familiar de adorar e compreenderem-se participantes de uma grande família cristã espalhada em 165 diferentes países e que tem como símbolo de unidade e comunhão a Sé de Cantuária. O Reverendíssimo Rowan Williams é o 104o Arcebispo de Cantuária. Ele foi entronizado na Catedral de Cantuária no dia 27 de fevereiro de 2003.

 

CONCLUSÃO

Igreja Anglicana é a Igreja cristã estabelecida oficialmente na Inglaterra e é a matriz principal da atual Comunhão Anglicana ligada à Sé de Canterbury, Inglaterra. Fora da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal, principalmente nos Estados Unidos da América e países da América Latina.

A Igreja da Inglaterra compreende-se como católica e reformada: Católica, na medida em que se define como uma parte da Igreja Católica de Jesus Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica e universal.

Reformada, na medida em que ela foi moldada por alguns dos princípios doutrinários e institucionais da Reforma Protestante do século XVI, nos princípios presbiterianos (ou calvinistas). O seu caráter mais Reformado encontra-se na expressão dos Trinta e Nove Artigos de Religião, elaborado em 1563 como parte do estabelecimento da via média de religião sob a rainha Elisabeth I da Inglaterra.

Os costumes e a liturgia da Igreja da Inglaterra, expresso no Livro de Oração Comum (LOC), são baseados em tradições da pré-Reforma, com influência dos princípios da Reforma litúrgica e doutrinária de inspiração protestante. Possuem os sete sacramentos como na Igreja Católica, porém, compreende-se também como Protestante, na medida em que não está subordinada ao Vaticano nem ao papa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

WILGES, Irineu. Cultura religiosa, As Religiões do mundo, vol I Petrópolis: vozes, 1984

 

HISTÓRIA do Anglicanismo, Disponível em:


 

VERONESE, Michelle. Igreja Anglicana: Do começo ao fim, Superinteressante. São Paulo: Abril, Agosto 2008. Disponível em:


Acesso em 15 de abril de 2012.

 

HISTÓRIA do anglicanismo dos primórdios até a idade média. Disponível em:


 

CALVANI, Carlos Eduardo. A tensão entre Substância Católica e Princípio Protestante no Anglicanismo, Revista Eletrônica Correlatio n. 10 - Novembro de 2006 (p. 75-86). Disponível em:

ANTI-CATÓLICO acha que a Bíblia caiu do céu com zíper e de pará-quedas


sábado, 3 de dezembro de 2011

A ordem e o matrimônio

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A ORDEM E O MATRIMÔNIO
A ordem
A Ordem e o Matrimônio são os sacramentos a serviço da comunhão e da missão, eles contribuem em particular para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.
O sacramento da Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até o final dos tempos. "Somente Cristo é o verdadeiro sacerdote; os outros são os seus ministros" (Santo Tomás de Aquino).
O sacramento da Ordem é composto de três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconato. A Ordenação episcopal confere a plenitude do sacramento da Ordem, faz do bispo o legítimo sucessor dos Apóstolos, ao bispo é confiada a igreja particular. A ordenação presbiteral torna capaz de agir no Nome de Cristo Cabeça, sendo cooperador da Ordem episcopal, consagrado para pregar o Evangelho, para celebrar, sobretudo a Eucaristia.
Na ordenação diaconal, o diácono é ordenado para o serviço da Igreja, que ele exerce sob a autoridade do bispo, a respeito do ministério da Palavra, do culto divino, da orientação pastoral e da caridade. Sendo o diaconato transitório, isto é exercido por um curto período até a ordenação presbiteral, no diaconato permanente isto deve ser exercido por toda a sua vida.
O sacramento da Ordem é conferido mediante a imposição das mãos sobre a cabeça do ordenando por parte do bispo, que pronuncia a solene oração consagradora. Pode receber este sacramento e apenas o batizado de sexo masculino. Atualmente religiões distintas da católica e que se dizem modernas, conferem ministérios a mulheres, tendo presbíteras e bispas, mas isto sequer se assemelha ao sacramento da ordem, pois para que ele seja realizado e necessário a sucessão apostólica, a imposição das mãos de um sucessor dos apóstolos.
Para o episcopado é sempre exigido o celibato. Para o presbiterado, na Igreja latina, ordinariamente escolhem-se homens crentes, que vivem como celibatários e que têm intenção de manter-se no celibato "pelo reino dos céus".
Os seminaristas devem receber uma boa formação quanto ao estado do celibato, pois se unem a Deus com um amor indiviso, renunciando a vida conjugal por causa do reino dos céus. Estas vocações devem ser preparadas para que saibam integrar essa renuncia ao matrimonio, tendo assim maior domínio de seu corpo e alma.
O verdadeiro chamado de Deus para o sacerdócio requer que se renuncie a uma família para que se possa abraçar uma multidão. “quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do senhor, de como agradar ao senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar a sua esposa” (I Cor. 7, 32-33).
“Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fieis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato.[...]Chamados a consagrar-se com indiviso coraçao ao senhor e a “cuidar das coisas do senhor”. Entregam-se inteiramente a Deus e aos homens”( CIC. 1579).

O Matrimônio
Deus criou o homem e a mulher e chamou-os ao matrimônio unindo-os numa só carne. O Matrimônio é indissolúvel, está dirigido à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e educação dos filhos. "Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a Igreja" (Ef 5,25).
O Matrimônio não é uma obrigação para todos. Em particular Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor, estes renunciam ao Matrimônio para se preocupar com as coisas do Senhor e procurar agradar-lhe.
Para tornar válido Matrimônio, deve haver consenso, consciente e livre, não determinado por violência ou constrangimentos. O sacramento do Matrimônio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo e por isso  o matrimônio deve ser algo assumido com responsabilidade pois o sacramento a ser realizado é indissolúvel. Atualmente em nossa sociedade o sacramento do matrimonio está desvalorizado, muitos casais passam a conviver juntos sem a realização deste sacramento.
Os pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimônio são: o adultério; a poligamia, visto que contradiz a igual dignidade entre o homem e a mulher, a unicidade e a exclusividade do amor conjugal; a rejeição da fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos e o divórcio, que transgride a indissolubilidade deste sacramento.
A Igreja aceita a separação física dos esposos quando a coabitação deles se tornou, por motivos graves, impossível, mas estes não podem contrair novo matrimônio a menos que seu matrimônio seja nulo.
A Igreja não pode reconhecer como Matrimônio a união dos divorciados recasados civilmente. "Se alguém repudia sua mulher se casa com outra, é adúltero com respeito à primeira; e se a mulher repudia seu marido e se casa com outro, ela é adúltera" (Mc 10,11-12). Estes não podem receber a absolvição sacramental nem a comunhão eucarística, porem devem ser acolhidos nas comunidades e podem atuar com cargos na mesma, contribuindo com a evangelização, mas com suas limitações.
Mediante os casais de segunda união deve haver uma catequese que os coloque a par de sua situação e de que funções podem desempenhar apontando o porquê que estes não podem ser padrinhos de batismo, justificando que eles devem ser exemplo e não um contraexemplo para os “afilhados”.
 A família cristã é chamada também de Igreja doméstica porque a família manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como família de Deus. Cada membro, segundo o próprio papel, exerce o sacerdócio batismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça.
Devem-se valorizar assim as famílias e incentivar mais a sua união, pois muitas famílias vão se desestruturando pela falta de dialogo entre marido e esposa e entre pais e filhos, muitas vezes um momento de convivência familiar ou até de oração na família é substituído por momentos individuais diante do computador ou da televisão.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Celibato no Sacerdócio

No último dia 4 de agosto foi o
dia se São João Maria Vianney e por
isso falarei sobre o valor do celibato no
sacerdócio, buscando responder aos
questionamentos que me fazem.
A vocação para o sacerdócio
exige que exista também a vocação para
o celibato. Deus, em sua divina
sabedoria, quis que assim se fizesse. Por
ventura nosso bondoso Pai daria uma
vocação ao sacerdócio sem que a desse
também para o celibato? O verdadeiro
chamado de Deus para o sacerdócio
requer que renunciemos a uma família,
para que possamos abraçar uma
multidão.”Quisera ver-vos livres de
toda preocupação. O solteiro cuida
das coisas que são do Senhor, de
como agradar ao Senhor. O casado
preocupa-se com as coisas do mundo,
procurando agradar à sua esposa”(I
COR.7,32-33).
“Todos os ministros ordenados
da Igreja latina, com exceção dos
diáconos permanentes, normalmente são
escolhidos entre os homens fiéis que
vivem como celibatários e querem
guardar o celibato “por causa do Reino
dos Céus” (Mt 19,12). Chamados a
consagrar-se com indiviso coração ao
Senhor e a “cuidar das coisas do
Senhor”, entregam-se inteiramente a
Deus e aos homens” (Catecismo da
Igreja Católica, 1579).
Que grande dom! Vem de Deus
e se destina o Deus. Quem não tem
vocação para o celibato, logo também
não tem vocação para o sacerdócio; este
a tem para o matrimônio, ou para a
castidade, pois há outros meios [e
muitos!] de servir santamente a Deus.
O verdadeiro elo nupcial do
sacerdote é com a Igreja. Os sacerdotes
deixam de contrair vínculo matrimonial
com uma mulher para se tornarem o
próprio Cristo em cada Missa, em cada
confissão, em cada celebração onde se
faz presente.
Dizia-nos São João Maria
Vianney: “Quando um cristão avista
um padre deve pensar em Nosso
Senhor Jesus Cristo”. E ainda: “Se a
Igreja não tivesse o sacramento da
ordem, não teríamos entre nós Jesus
Cristo”, na eucaristia.
Peçamos que, por intercessão de São
João Maria Vianney e da Santíssima
Virgem Maria, possamos compreender
o precioso valor do celibato.
 
                                                                                                                                       Adrielson ripka
Publicado em:
Jornal ipiranga, setembro de 2010
Órgão oficial de divulgação da
Paróquia Nossa Senhora da
Conceição - Palmeira - Paraná
 

domingo, 21 de agosto de 2011

A CATEQUESE


A catequese
 Adrielson Ripka
A missão Pastoral da Catequese é iniciar crianças, adolescentes, jovens e adultos na fé cristã. Esta iniciação se dá, concretamente, através da formação cristã à luz dos Evangelhos, da celebração litúrgica e da vivência comunitária. A catequese:


[...] sendo orgânica e sistemática, não se reduz ao meramente circunstancial ou ocasional; sendo formação para a vida cristã, supera — incluindo-o — o mero ensino; e sendo essencial, visa àquilo que é « comum » para o cristão, sem entrar em questões disputadas, nem transformar-se em pesquisa teológica. Enfim, sendo iniciação, incorpora na comunidade que vive, celebra e testemunha a fé. Realiza, portanto, ao mesmo tempo, tarefas de iniciação, de educação e de instrução.  (DGC 68).




Realizamos encontros semanais de formação, onde são apresentados temas do nosso cotidiano, iluminados pela Palavra de Jesus que nos traz a vontade do Pai, na força do Espírito, onde buscamos do verdadeiro sentido da vida e mudanças de atitude em relação a Deus e a sociedade.

A Catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã (CIC 5).


“Na verdade. o crescimento interior da Igreja, sua correspondência ao desígnio de Deus, depende essencialmente da Catequese. Neste sentido, a Catequese deve ser considerada como momento prioritário na evangelização” (DGC 64). Como processo permanente de educação da fé, visa o crescimento e amadurecimento progressivo, formando o cristão, em comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo e com os irmãos, mediante a adesão pessoal a Jesus Cristo e a aceitação do seu caminho de salvação.

A Palavra de Deus é o livro da Catequese por excelência, “transmitida na Tradição e na Escritura, porque a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constitui um só depósito inviolável da Palavra de Deus confiada à Igreja[...]. O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo (DV 10).

Quanto a finalidade da catequese o Catecismo da Igreja Católica afirma:

A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade[…]. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: ‘Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou’ (Jo 7,16)”. (CIC, 426-427).


Em sua origem, o termo “CATEQUESE” diz respeito à proclamação da Palavra. O termo se liga a um verbo que significa “Fazer” – “Ecoar” (gr. Kat-ekhéo). Assim a catequese tem por objetivo último fazer escutar, ecoar e repercutir a Palavra de Deus. Desta forma, é missão da Igreja anunciar o Evangelho em todo o mundo, mas, em primeiro lugar, a Palavra de Deus deve ser anunciada aos seus próprios membros. É dentro da Igreja que se desenvolve a formação de seus membros, para que possam depois anunciar a todos a Palavra de Deus. Quando se fala em catequese, muitos pensam somente na catequese que se prepara as crianças à Primeira Eucaristia e Crisma, mas ela é permanente.
A catequese faz parte da ação evangelizadora da Igreja que envolve aqueles que aderem a Jesus Cristo. Catequese é o ensinamento essencial da fé, não apenas da doutrina como também da vida, levando a uma consciente e ativa participação do mistério litúrgico e irradiando uma ação apostólica. Segundo o Documento de Puebla (1979) e a afirmação dos Bispos do Brasil, a catequese é um processo de educação da fé em comunidade, é dinâmica, é sistemática e permanente.